sexta-feira, 26 de junho de 2009

É, eles realmente não ligam prá gente!

Há muitos anos atrás, a humanidade criou um cargo que significava bem mais do que o poder que nós convencionamos a ver. Ostentar esse cargo sempre significou ser vanguarda, ser único, ser referência em alguma coisa e, sobretudo, corresponder a essa responsabilidade.

Essa posição é a do REI.
Ser o "REI" é ser cultuado, adorado, amado, odiado, invejado. Ser o Rei é saber ser aquele que conduz, sem esquecer em momento algum que algum súdito próximo sempre quer lhe ultrapassar. Ser o Rei é ser sempre o alvo. Para o bem e para o mal.

Sempre me perguntei como seria o momento em que nós, nascidos nas recentes décadas passadas, começariamos a ver que o tempo, para nós, está passando. como teria sido para aqueles que nasceram em meados de 1950 e 1960 ver a morte de Elvis, a morte de John Lennon, a morte de James Brown , a morte de Janis Joplin, Hendrix, Luiz Gonzaga entre outros grandes . Saber que aqueles que você se acostumou a ver e a ouvir agora estavam eternizados na soberania da música e não mais da imagem ao vivo.
Ontem (29/06/09) o mundo viu um mito cair. Um mito que a maioria de nós viu se transformar não apenas pelas mãos do tempo, mas, sobretudo, pelas mãos mesquinhas da tecnologia e da estética dos modernos. Um mito que se não chegou a ser o retrato de uma geração, foi o principal alvo, rei que era, da mutabilidade da geração dos 80 e 90. Um mito que não resistiu ao próprio coração e a fragilidade do homem por trás do mito, por trás do rei, por trás da imagem.

É, Michael, eles não ligam prá gente, mas eles sabem que você foi rei. O rei de algo que não se sabe nem bem o que é. Pode ser o POP do chiclete, grudento e apaixonante. Pode ser o POP do estouro das coisas efêmeras como o fogo não cuidado. Pode ser o POP do popular, daqueles que não te conheceram pessoalmente, mas que da mesma forma que eu agora, te chamam pelo primeiro nome como se fossem íntimos.
É, Michael, eles não ligam prá gente, mas eles queriam te ver voltar e inventar novos passos, novas modas, novas canções. Eles queriam que você fizesse as danças das tuas marcas registradas e que mostrasse a todos os que querem dançar como é que se faz.
É. Michael, eles não ligam prá gente, mas te escutam. Se arrepiam com o teu Thriller, querem ser Bad na tua gangue, querem escolher entre o Black ou o White que você mostrou, querem ter a elegância do teu Moonwalker, e claro, querem ser a maioria tratada como minoria do teu They Don´t Care About US.
É, Michael, eles não ligam prá gente, e mesmo que as críticas viessem, todos eles sabiam que o que você criou foi ótimo, que você foi grande e que, se teus problemas pessoais te reduziram como pessoa, te alçaram ao topo como celebridade. Vítima daqueles que lucram contigo, mesmo depois da tua morte.

Os reis são vanguarda. Mas não são eternos. Foi o do Rock, o do Blues, o do Baião e agora o do POP. Se serve de consolo, ninguém assume esses tronos. Eles não são Hereditários, são cativos no coração daqueles que foram súditos de seus talentos.

Descanse em Paz Rei do POP

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